terça-feira, 8 de novembro de 2011

Meu avô, o policial

Toda vez que vejo/ouço alguém falando sobre a Polícia e do quanto ela é corrupta e ineficiente, eu lembro do meu avô. Um homem que trabalhou honestamente a vida inteira usando farda e que tentou, do jeito dele, deixar a vida da gente mais segura, carregando sempre o orgulho de ter a profissão que tinha.
Mesmo tendo se aposentado quando eu era bem pequena, sei de mil casos e histórias porque ele mesmo contava. E contava com a boca cheia, digna de um trabalhador que fez o serviço da maneira mais correta possível. Coisa de quem não tinha medo, de quem arriscou a vida um bom número de vezes e foi atrás do que sempre acreditava: segurança em primeiro lugar. Pro meu avô, o certo era o certo.
Lembro que uma vez a gente encontrou a arma dele enquanto brincávamos na casinha dos fundos. Não só a arma, como o cassetete e o cinto. Quando ele viu que a gente tinha encontrado aquilo, foi o maior desespero: "larga isso agora, é perigoso demais". "Mas vô, não era com isso que você trabalhava?". "É, mas não tem bandido aqui agora. Agora é só paz". Pro meu avô, arma não era brinquedo.
E agora a gente tá aqui, ouvindo todo mundo com a sua opinião sobre a ação da Polícia, inclusive meia-dúzia de revolucionários de sofá que só sabem falar da mídia de direita mas que não percebem que a de esquerda é igualmente tendenciosa. Gente que nunca correu riscos e quando sentiu um arrepio de medo, ligou pro 190. Gente que diz que "polícia é para quem precisa" mas precisa mais do que todo mundo junto. Gente que generaliza usando argumentos prontos.
O exagero tá batendo na porta mesmo, mas bate dos dois lados. Do mesmo jeito que tem aqueles que não merecem usar uma farda por nem ao menos 5 minutos, tem aqueles que lutam por uma causa quebrando tudo e cobrindo o rosto, sem nem ao menos saber pelo quê estão lutando. Extremistas, dos dois lados. E burros, dos dois lados também.
É nessas horas que imagino o que o meu avô pensaria e como ele se sentiria vendo tudo isso. E é ao imaginar a sua reação que eu acho que ele partiu na hora certa. Afinal de contas, é palhaçada demais pra alguém que dedicou sua vida a um serviço. Aquele homem fardado realmente não merecia ouvir certas asneiras.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Das vontades

Eu já escrevi mais. Mais e melhor. Naquele tempo, em que o Jornalismo tava lá longe e que ter um gravador nas mãos parecia coisa de gente muito importante, eu abria uma página e pá-pum. Umas letras, algumas palavras e vários pontos e vírgulas me ajudavam a colocar aqui um pouco do que eu queria - seja bom ou ruim.
Agora olha só, essa é a primeira vez que venho aqui desde julho. Claro que hoje as coisas são muito mais corridas do que há uns anos, mas o que eu queria saber mesmo é o que aconteceu com a vontade. Aquela coisa de querer escrever qualquer coisa a qualquer custo e sentir até um certo alívio depois que alguma sai. Na verdade, além de todo o tempo passado e tudo mais, acho que tá tudo meio perdido no meio dos artigos, dos seminários, dos releases...
E olha, muita coisa aconteceu desde a minha última vez aqui. Algumas boas, outras ruins, muitas surpreendentes. E era exatamente essas mudanças que um dia já me motivaram a escrever mais, a usar mesmo que um pedacinho de papel para anotar uma ou outra bobagem que um dia seria mais elaborada e ocuparia um espaço aqui. Ô vontade de ter vontade de novo...
Mas eu não acho que seja o fim do túnel, não. Afinal de contas, vontade também depende da gente, do nosso próprio esforço e coisa e tal. Então estamos aí, na vontade da vontade, buscando transformar todas essas mudanças - tanto boas quanto ruins - em um conjunto mais interessante do que esse blábláblá aleatório aqui.

terça-feira, 12 de julho de 2011

There's a light...

Deu vontade de vir aqui e falar um monte, usar pra ser desabafo mesmo. E olha, eu bem poderia fazer um daqueles posts que todo mundo se relaciona um pouco, falando um pouco de tudo e muito do nada, banalizando mesmo e tentando colocar aqui um pouco do que anda acontecendo. Mas né, não vai rolar.
Ando meio revoltada com o tempo e com o tempo que ele leva pra agir (deu pra entender? haha). Acontece que tudo vem de uma maneira muito engraçada, e na maioria das vezes o tempo é uma grande vadia mesmo. Essa coisa que não passa ou vai rápido demais, e quando a gente se dá conta, percebe que nunca estamos no ponto em que queríamos estar. E eu ando assim. Uma hora querendo o ontem, outra hora querendo muito o amanhã.
E é aí que aparece aquele buraco no peito que quer dizer alguma coisa que a gente não entende o que é - e dá medo. Um aperto que indica um caminho contrário de tudo o que você fez até hoje, cheio de complicações, mas que vem com uma luzinha no final que chama muita atenção, e dá muita vontade.
De vez em quando vem esse desejo pra que ela chegue logo. Afinal de contas, em todas as histórias do mundo é nesse "fim do túnel" que vem a solução linda e mágica para todos os problemas. E mesmo que eu não seja muito do time das que sonham acordadas, é nessa luzinha que eu ando me agarrando, contando os dias pra ela chegar de uma vez, logo com um abraço quentinho e um sorriso no rosto.

Now everything's cool as long as I'm gettin' thinner

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Jeito mulherzinha

Contando com mais uma participação da minha querida @karinaconst, esse é um post dedicado à todas as cuecas que já passaram pela sua vida.

As coisas que os homens mais amam odiar na gente

  • Nós, mulheres, temos a capacidade incrível de nos reinventar. Mudamos de humor, descobrimos novos gostos e reformulamos antigas ideias com a mesma facilidade que trocamos o salto pela rasteirinha quando nossos pés nos pedem um descanso. Talvez, seja esse nosso maior charme.
  • Os homens reclamam que não nos entendem e que temos o dom de deixar tudo mais complicado. Não estão totalmente errados. O que não está certo é dizer isso como se fosse algo negativo. Que chato seria se nós fossemos constantes, práticas e previsíveis.
  • Vivemos de dilemas e adoramos joguinhos psicológicos. Tá aí a graça da coisa.
  • Homens nunca entendem metáforas. E quando você diz tudo na maior naturalidade possível, tipo "sua barba tá bonita", ele vai achar que tem algo por trás disso. Oito ou oitenta, sempre.
  • A gente vive no platônico e se apaixona uma vez por semana, no mínimo. Não reclamem que somos confusas, vocês são lentos demais para perceber.
  • Não suportamos o tédio. A vida pode ter seus altos, seus baixos, mas, por favor, não seja entediante. Gostamos do movimento, das transformações e dos acontecimentos que nos afloram os mais diferentes tipos de sentimentos.
  • Nós passamos sinais O TEMPO TODO. Se pegamos seu celular por qualquer motivo babaca - seja uma rifa ou informação sobre uma festa qualquer - é porque estamos querendo alguma coisa. Só a sua cegueira não percebe.
  • Emoções que podem vir de um elogio feito pela pessoa certa, do sorriso largo, do convite inesperado, do cabelo arrumado, da pele perfeita ou do rímel certo. Tudo que deixa o nosso mundo mais mulherzinha. Como disse Arnaldo Jabor, já imaginou um mundo sem cinturas e saboneteiras?
Gente, essa lista poderia seguir on and on, mas ficamos por aqui. Mais dicas são aceitas, porque a convidada especial agora escreve uma coluna semanal sobre comportamento feminino e está em busca de novas inspirações!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Muito além de uma it girl

De uns tempos pra cá praticamente todos os blogs de moda adotaram o termo it girl pra se referir a alguém que "está na moda e serve de referência". Durante a SPFW, o GNT fez um programa em que abordava o tema e saiu perguntando às pessoas na Bienal o que elas achavam disso, e metade dos entrevistados - curiosamente eram bem aqueles que trabalham com moda há um bom tempo - disseram que acham isso uma babaquice total. O engraçado é que a enquete virou um misto de indignação entre quem vive disso e um monte de blogueira de look do dia tentando explicar o que elas tanto almejam ser.
E ó, não é por nada não, mas eu concordo plenamente com o time que acha toda essa história uma idiotice. Se você joga it girl na wikipedia, a primeira definição é "termo utilizado para se referir às garotas fúteis", simples assim. E eu acho um tanto quanto irônico pessoas que tanto falam sobre a moda ser mais que uma simples futilidade aceitarem ser encaixadas numa categoria que coisifica a mulher até no vocabulário. O mais engraçado é que nem elas mesmas conseguem definir alguns conceitos básicos e sempre acabam no "a moda é você se vestir do seu jeito". Muito fácil falar isso com um Louboutin nos pés e uma Louis Vuitton nos braços.
Nada contra as Alexas e Bettys pelo mundo afora: acho muito legal essa popularização do "falar sobre moda", e super apoio os blogs que tratam do assunto de uma maneira não-convencional. Só que anda complicado encontrar alguma coisa diferente em um universo que parece só se interessar em ganhar brinde de marca famosa e fazer resenha de esmalte. Quer falar sobre moda? Fale, mas por favor mude o tom. Já existem trilhões de meninas fazendo a mesma coisa por aí e sendo lindas. E olha, eu sei que é difícil: já tentei manter um blog com mais duas amigas e percebi que o negócio exige um belo empenho. Se você o tiver, vai com fé porque sempre existe alguma coisa a mais a ser dita, pode confiar.
Além do que, esse tipo de coisa é uma afronta a tantas mulheres que ajudaram a construir toda essa indústria. É muito fácil hoje em dia uma fulaninha bem-nascida criar um blog, colocar fotos das suas roupas e sair falando das tendências de inverno, sem nem saber de onde o estilista tirou inspiração pra fazer aquilo. Sei lá, acho que já existiu um dia em que entender de moda era mais do que saber dar um nó no cinto e passar batom laranja.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Carrie Bradshaw feelings

Esse post é patrocinado pela minha querida @karinaconst. Do alto de seus 1,57m , ela é uma mocinha sabida, bonita e gostosa, mas que sofre com a falta de homem no mundo - como muitas queridas por aí. Portanto, segurem o lencinho e ajudem a minha parceira de woohoozices a desvendar esse desaparecimento masculino em massa.

Estamos a procura. Cadê você?

Não está fácil para ninguém. Posso falar, com conhecimento de causa, que nós mulheres temos que conviver com um problema que está aí escancarado para quem quiser ver: a falta de homem! Estatísticas mostram que o número de homens é inferior ao do sexo oposto, dizem até que a diferença pode chegar a 4 milhões. Quatro milhões: OK! Agora tira daí: os casados, gays, os que não fazem o seu tipo e aqueles que não querem nada com coisa nenhuma. O número de opções cai significativamente.
As causas disso? Pode ser um problema genético: alguma coisa está dando errado na hora de juntar os cromossomos e sempre entra mais um X ao invés de um Y. Deve ser algo na água, sabe. E o pior é que além de faltar homem, os que estão aí formados – com o X e o Y onde devem estar – nem sempre atendem aos nossos requisitos básicos para um futuro relacionamento. Ou seja, além do problema de quantidade, entra aí um problema maior que é o de qualidade.
Procura-se: Homem solteiro, bonito, inteligente, empregado (ou empresário) e que ainda leve a vida com bom humor (coloque aqui aquelas características que não podem faltar para você). Ninguém? Não, mesmo? (...) É, gente está complicado. Será que somos nós que estamos muito exigentes?
Espero que não.
Pode ser ingenuidade da minha parte, mas ainda quero um mundo em que a gente possa escolher o pai dos nossos filhos sem aquela lógica do “Se não tem tu, vai tu mesmo”. Sem dar um jeitinho brasileiro porque ele é casado ou não quer casar com você de papel passado. A tão famosa liberdade inclui, principalmente, a liberdade de escolha. E para se ter essa liberdade, precisamos de opções.
Aliás, pode ser que a liberdade, na verdade, nos atrapalhe. Na época dos nossos avós, quando a liberdade de escolha era pequena ou até nula parece que os casamentos davam mais certo. Pelo menos, aparentemente. Os casais se arranjavam conhecendo pouco um do outro e, agora, completam bodas de ouro com filhos, netos e até bisnetos que podem não viver essa mesma realidade.
Estranho, né? Também acho. Esse assunto merece um aprofundamento muito maior do que eu posso dar, mas de uma coisa podemos ter certeza. O mundo mudou, nós mudamos e parece que a coisa ficou mais difícil. Toda essa dinâmica do relacionamento exige de nós um comportamento bastante diferenciado do anterior. A liberdade nos exige o conhecimento. Conhecer, palavra relativamente pequena, mas que é bastante complicada de ser aplicada. Implora que os dois envolvidos estejam abertos para que ela ocorra. Alguém disponível?

domingo, 27 de março de 2011

A ruguinha e o corretivo

E agora, quem poderá nos esconder?

Era uma vez uma ruguinha. Sempre infeliz, ela vivia ali no cantinho do olho, deslocando-se periodicamente até a parte mais baixa da olheira, mas nunca arredando pé de seu espaço. Dia após dia, semana após semana, ela passava o tempo sem ser incomodada por ninguém, e sua maior realização era mostrar para todos os cremes inimigos que eles não eram de nada e que dali ela não sairia nunca.
Eis que um dia apareceu o corretivo. Todo pomposo em seu formato líquido, ele veio cobrindo tudo e todos, sem se importar com o que ficava por baixo. Quando ele chegou perto da ruguinha, ouviu um riso de deboche por parte dela, o que lhe pareceu uma demarcação de território. Sem se amedrontar, ele foi chegando de mansinho e a encarou de frente, com toda a coragem do tubinho. Diante de tal ameaça, a ruguinha percebeu que não teria escolha além de se esconder, e aceitou - de mal grado - aquela parceria.
O tempo passou e o corretivo foi envelhecendo. Sem aquela alegria matte de viver, ele percebeu que sua cobertura não era mais a mesma, e que após algumas horinhas de trabalho ele já não era forte o bastante pra aguentar a ruguinha. Por outro lado, ela foi recuperando a malandragem de outrora e encontrou algumas maneiras de burlar o poderoso reinado do corretivo.
Dessa forma, a ruguinha foi crescendo e se tornando cada vez mais solene. Sem medo de aparecer, ela aprendeu que só precisava dar um tempo ao seu inimigo que logo ele ia embora, deixando apenas alguns restinhos do que um dia foi a imagem de seu império bege-claro. Inconformado com a perda, o corretivo resolveu se aposentar, firmando residência permanente na caixinha colorida de madeira a espera de seu sucessor na luta contra a ruguinha.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O batom vermelho


Lembro que quando eu era pequena, naquela ânsia de ser gente grande e poder me arrumar toda, corria pro armário da minha mãe e afanava várias coisas pra me montar toda no banheiro. Óculos escuros, brincões exagerados, pó compacto da minha avó e, principalmente, o batom vermelho. Era a peça mágica da brincadeira toda: bastava passar o batom que o poder aparecia e eu já era uma pop star.
O engraçado é que quando comecei a me arrumar de verdade, não me interessava por batom nenhum. Odiava até passar gloss, e sempre ouvia da minha mãe pra "dar uma corzinha na boca". Aquele nude natural era uma beleza, cara de morta mesmo e eu parecia uma mini-assombração.
Mas olha, depois que o mundo das cores apareceu pra mim, nunca mais fui a mesma. Não tenho o costume de usar diariamente, mas aquela corzinha que minha mãe tanto falava faz mesmo a diferença. Sei lá, parece que quando o batom é vermelho sua boca chega antes de você meio que pra avisar quem tá chegando, uma coisa meio diva mesmo. Como eu disse antes, é o poder otimizado. Sem contar que quando o batom é bom e você passa direito, o esquema dura bonito através da bebederia, gordice e até pegação. Se duvidar é até a prova de balas.
Por isso eu entendo (e apóio) quem se joga no vermelho-vermelhusco-vermelhante. Juro que sou outra pessoa depois do batom vermelho - e uma pessoa ainda melhor depois da @marinacdias me apresentar ao Rubi Woo, da MAC. É Deus em formato de tubinho portátil, juro pra vocês.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Quando a calça não entra mais


Existe um momento crítico na vida de uma menina: o momento em que as roupas preferidas não servem mais. Aquela blusa fica mais justa do que Deus, o short de malha quase estoura e a calça jeans...ah, a calça jeans.
Acho que não tem nada mais triste no mundo do que o jeans que não fecha. É aquela hora decisiva em que você para em frente ao espelho, puxa de um lado, aperta do outro, murcha a barriga, reza um pai-nosso e tenta ir. Mas não vai. O botão some ali no meio e de repente parece que o universo conspira contra você e o seu manequim, que em um passado distante já foi 36.
Ando passando por isso constantemente - e infelizmente. Cheguei ao ponto de jogar todas as calças na cama e experimentar uma por uma, pra ver quais ainda me deixam feliz. O difícil é perceber que a primeira que vai se virar contra você é justamente a preferida, a especial e, se Murphy for mesmo um cara legal, a mais cara. A vida é triste e o zíper curto.
Em busca de uma salvação, já fechei a boca, cortei o refrigerante e tô me esforçando pra jogar a preguiça pro alto e ir na academia, mas não tá fácil não. Além de ser mais feliz quando sentava no sofá e comia um balde de pipoca sem peso na consciência, parece que a ideia de subir uns números no manequim é mais atormentadora do que 2012. Logo logo jogo tudo pro alto e me atiro na saruel, viu.

Vai que dá

domingo, 2 de janeiro de 2011

Come on baby light my fire


Eu podia começar esse post com um dos mil clichês que o ano novo traz, mas o clima por aqui é diferente - e esse aqui se refere a uma pessoa, não um lugar. Alguém que pela primeira vez na vida para, pensa e percebe tantas coisas. Tantos momentos. Tantas pessoas. Tantos caminhos.
Escrevi o segundo parágrafo desse post umas três vezes, mas apaguei todos os rascunhos. Não quero parecer piegas, artística ou, pior ainda, cool (Deus que me perdoe do mal de ser considerada moderninha ou cult demais). Mas a verdade é que nada parecia comigo, as letras fugiam e as palavras deveriam ser de outros idiomas. Um conjunto de símbolos, nada digno.
Aí essa chuva me lembrou das noites sozinha em Londrina, deitada na cama sem sono e só com meus pensamentos e a música ruim do bar na rua. Minutos que pareciam uma eternidade, tão difíceis de se aguentar e que hoje parecem pertencer a outra vida, a outra pessoa. Aquelas horas em que nem a voz daquele que me faz tão bem resolvia alguma coisa. Ali era eu e eu, e não sou nada fácil.
Esses últimos dias não foram de retrospectivas ou planos, mas sim de lembranças. O apartamento que se foi, o amigo que sumiu, o irmão que mudou tanto, a casa grande. O Natal tão querido terminou com lágrimas no travesseiro, lembrando do avô que eu tanto amava e que faz uma falta gigantesca. Acho que esse aperto aqui dentro é aquele que os adultos se referiam quando eu era pequena, e eu tão boba não acreditava. Crianças...
A verdade é que tudo acabou como começou: eu, a chuva e as palavras. E elas, minhas armas de tantos e tantos momentos, andam me deixando na mão. Somem quando preciso, se escondem e a coragem fica pequenininha, em algum lugar x. Espero que apareçam, ainda quero escrever um livro e ter um filho - a árvore já foi.
Por enquanto, me resta então a chuva. E The Doors. E o sonho de Paris.