quinta-feira, 12 de julho de 2012

Porque pessoas são pessoas...

Quando as coisas ficam difíceis e a água começa a bater na bunda, cada um se apega a algo diferente pra tentar melhorar a situação. Um livro, uma música, fast food ou um balada hard - tudo com o único intuito de melhorar o astral, sacudir a poeira e dar a volta por cima. E é justo agora que as coisas apertaram pro meu lado que eu percebo que o meu escape é bem simples: minhas pessoas.
Tenho uma amiga que fala que a gente tem uma "coleção de gente querida", daquelas que guardamos bem ali no cantinho e que quando precisamos é só abrir a tampa que elas saem da caixa. Nesses últimos dias de ápice do stress, percebi que, mesmo com esse ar self centered que as vezes eu passo, cada vez mais eu preciso das minhas pessoas, de um jeito ou de outro. Preciso da voz, do aconchego, do abraço e da risada de cada um, sempre.
Seja na mão quentinha, nas risadas que doem a barriga, na barba zuada e engraçada, nas conversas sobre divas pop ou em falar mal dos outros (desculpa aê, mas isso sempre me faz bem), tudo contribui pra distribuir um pouco o peso e tirar um pouco das minhas costas - e olha, tá funcionando, viu. No fundo tô começando a enxergar que um problema não tem que afetar uma vida inteira, não. Ele tem é que ser resolvido com calma e paciência, simples assim.
E é por isso também que eu escrevo aqui, sabe. Acaba sendo mais uma forma de dividir e pôr pra fora o que não compensa ficar guardado, e isso faz um bem danado. A verdade é que quero (e preciso) de pessoas queridas de todo o jeito, mesmo que sejam só aquelas que vão ler  esse post do nada e dar uma curtida como forma de incentivo. Afinal de contas, não há limites pra minha coleção de gente querida.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Simples

Eu lembro que quando eu tinha uns onze anos, meu avô encontrou meu diário no meio de umas caixas de mudança. Ele leu e veio me falar. Imagina eu, a menina que mais tinha vergonha de tudo no mundo, conversando com meu avô sobre as coisas que ele tinha lido no meu diário. O menino que eu gostava, como eu me sentia na escola, o dia que eu tinha "virado mocinha". Lembro que a sensação era de que nada mais seria igual, que a vida tinha acabado, que a partir daquele momento o mundo entraria em colapso e explodiria. Tudo porque meu avô leu meu diário. 
Mas não. Ele trocou meia dúzia de palavras comigo, disse que se eu quisesse eu poderia falar com ele sobre qualquer coisa e que tudo que tava acontecendo comigo era normal pra minha idade - mas que eu devia parar de mandar cartinha pro menino porque menina tem que esperar ele vir atrás. Poucas e óbvias, mas sábias palavras.
Eu lembrei dessa história hoje, e fui lembrando desse jeitão típico do meu avô. E sabe,  eu acho que as pessoas deveriam ser mais como ele, mais simples. Incrível como era tão fácil e tudo se resolvia com uma massagem no pé assistindo televisão, uma boa música velha ("você conhece essa moda, Monicleta?") ou uma boa comida. Não tinha enrolação ou mimimi, era tiro e queda e pequenas coisas deixavam o velho feliz. Saudades facilidade.
É que às vezes parece que tá todo mundo pirando - eu, inclusive - por pouca coisa, detalhes que todo mundo tem que lidar uma vez ou outra e que passam quando a gente menos imagina. E olha, falo isso porque eu mesma ando me destacando como a rainha do exagero, do mimimi e do fim do mundo, em vários sentidos. Por isso acho que agora deu, né. Chega de papinho chato, dê-erres eternas e rugas de preocupação. Sei lá, acho que assim a gente não chega nos 70 como meu avô chegou, não.

*Lembrei também que vai fazer dois anos que ninguém me chama de Monicleta. Saudades, vovô.

domingo, 22 de abril de 2012

Da validade das pessoas

E no meio de tantas conversas nonsense, esses dias veio uma que não saiu da minha cabeça: sobre a validade das pessoas. Normal a gente pensar que as pessoas vem e vão, e que guardamos só as realmente especiais mesmo, mas é difícil pensar no que faz uma pessoa se tornar "guardável". A partir daí a teoria foi sendo construída, e então veio a comparação: no fundo, somos como alimentos e, querendo ou não, todos  nós temos uma data de validade. Basta saber o que é mais útil guardar.
É muito fácil ser um legume, por exemplo. Bonito, colorido, vistoso, até saudável. Mas um legume (vale também pra vegetais e tal) dura só uns diazinhos e puf, fica murcho, preto, nojento. Legumes são efêmeros, sabe...
Mais fácil ainda é ser um docinho, daqueles de padaria. Gostoso, lindo, prazer imediato e...horas depois de fabricado já tá feio e sem graça. Coisinha passageira, que só serve pra dar uma animada em um dia nublado.
A coisa começa a melhorar quando você encontra uma carne. Além de saudáveis e nutritivas, carnes podem ser congeladas e serem guardadas por meses, sempre atentas à sua necessidade. Sem contar a versatilidade e o cheirinho bom de uma carne assada bem quentinha...
Mas a verdade é que nada se compara às conservas e enlatados. Sempre ali, bem guardadinho, um enlatado te ajuda desde os momentos de necessidade até a criação de um prato mais elaborado, atuando como aquele diferencial que ninguém mais tem. Um enlatado te acompanha sem precisar de muito espaço ou temperaturas específicas, basta um lugarzinho arejado e já tá feliz. Sem contar que em todo retrato de fim do mundo, seja por desastres naturais ou invaões zumbis, a primeira dica é sempre estocar as latinhas.  Uma mão na roda, um parceiro para todas as horas, tudo o que você precisa em uma ilha deserta. Por isso, fica o conselho de amigo: quando passar no mercado, um pouquinho mais de atenção aos pêssegos em calda e às ervilhas pode vir a calhar, tá.

<3

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Oi Deus

Oi Deus.
Acordei pensando na conversa que tivemos ontem a noite, antes de dormir (aliás, foi a primeira noite em dias que eu dormi bem, então se você teve alguma influência nisso, valeu). Foi bom saber que mesmo com o meu desfalque constante, ainda somos um time e que você simplesmente não desiste de ver a gente ganhando. Como eu disse ontem, vou fazer o meu máximo pra ser mais presente e contribuir no nosso jogo.
Sabe Deus, é engraçado como as coisas são. Lembra que eu comentei que ainda não estou pronta pra me aguentar sozinha? O pensamento ainda continua, mas hoje eu acordei com vontade de passar o dia inteiro só comigo, sem nada nem ninguém. Uma tarde de mulherzinha, pipoca, guaraná e aqueles episódios atrasados das minhas séries. Um programa solitário justamente pra uma pessoa que anda procurando gente cada vez mais. E sei lá, acho que é um começo. Você e suas ironias, né?
E além dessa vontade súbita, me veio ainda a certeza de que a hora de estar sozinha ainda não chegou, mas talvez esteja chegando. E dessa vez não deu medo, sabe? Dessa vez a ideia veio sem o aperto no peito e as lágrimas nos olhos, mas sim como uma fase, só isso. Lembra quando eu jogava Super Mario e que algumas fases eu não conseguia jogar em duas pessoas? Então, é bem isso. É como se eu soubesse que daqui a pouco chega a fase que eu só consigo jogar sozinha, mas que nas próximas a participação do Luigi se faz necessária e deixa tudo mais fácil.
E como você bem me lembrou ontem, eu só tenho 22 anos, né Deus. E nesse último ano de faculdade, é hora de me preocupar comigo, minhas necessidades e meus planos. Se tiver companhia, bacana, beleza, muito bom. Mas se não tiver, acontece. Como você disse, só morre de solidão quem não tem pra onde recorrer - e esse não é meu caso, definitivamente.
Enfim, só queria deixar registrado que foi bom conversar com você e eu espero que façamos isso mais vezes. Eu sei que poderia ter te dito tudo isso em particular, mas a nossa conversa também resgatou a minha vontade de escrever (valeu por isso também!) e cá estamos. Foi reconfortante saber que esse nosso jeitinho de conversar ainda existe, e que você não ficou chateado pelo meu sumiço. Bom, agora acho que tenho que dizer amém, né? Então amém, Deus. Prometo que dou notícias em breve.