sábado, 20 de fevereiro de 2010

Jack, quem?


Porque no meio de todos os mistérios a serem desvendados e de todas as respostas que a sexta temporada de Lost pretende revelar, só uma coisa realmente interessa:




E já que uma imagem vale mais do que mil palavras, ele ainda lê.


Espero que essa temporada demore bastante pra terminar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Oito ou oitenta


Universo barretense: cidade com cento e poucos mil habitantes; comida quentinha, caseira e gostosa; roupa lavada, passada, cheirosinha e com aspecto de comercial de amaciante; pai pra jogar conversa fora a noite; TV por assinatura; caixa eletrônico do banco só para fins pessoais; carro na garagem; amigos de mais de uma década; namorado a alguns quarteirões de distância; chegar em casa de madrugada vendo tudo dobrado e ter cuidado para os pais não perceberem nada; pão quentinho no final da tarde; suco fresco em todas as refeições; tardes inteiras torrando no sol com as amigas; ouvir música com fone de ouvido; casa grande e espaçosa; quarto do tamanho de uma sala, equipado com som e televisão.

Universo londrinense: cidade com quinhentos e poucos mil habitantes; almoço no RU por R$2,10, congelados ou enfrentar o fogão; roupas lavadas e passadas a R$3,00 o quilo; pai no telefone por alguns minutos ao dia; TV de 14 polegadas com 7 canais - e olhe lá; fila de banco pra pagar contas; ônibus, táxi ou pernas-pra-quê-te-quero; amigos sem nível nenhum; namorado a uns bons quilômetros de distância; chegar em casa de madrugada vendo tudo dobrado, trocar de roupa, dormir com o colchão no chão, passar mal a noite toda e não lembrar de nada no outro dia; comprar a tarde o pão da outra manhã; suco de saquinho; tardes de "Friends" e brigadeiro com jornalistas bizarros; ouvir música do jeito que eu quiser; flat de 17 m².

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Roda viva


Carla fazia Medicina. Carla era loira, olhos azuis, pele branquinha. Carla vinha de uma família de classe média-alta. Carla não bebia. Carla não fumava. Carla tirava notas boas. Carla era católica praticante. Carla votava em um partido de direita. Carla namorava o mesmo garoto desde os 17 anos. Carla queria se tornar pediatra. Carla se dizia feliz.
Karina fazia Publicidade. Karina tinha cabelos e olhos castanhos, pele clara. Karina vinha de uma família de classe média. Karina bebia socialmente. Karina não fumava. Karina era uma aluna na média. Karina foi crismada e desde então não voltou à igreja. Karina se dizia apolítica. Karina era solteira. Karina queria trabalhar em assessoria de imprensa. Karina se dizia feliz.
Maria fazia curso técnico de Enfermagem. Maria era negra, olhos pretos, pele bem escura. Maria vinha de uma família de classe baixa. Maria bebia. Maria fumava. Maria sempre estudou em escolas públicas e se acostumou com recuperações. Maria nunca foi à igreja. Maria votava em um partido de esquerda. Maria tinha dois filhos de pais diferentes. Maria queria trabalhar em postos de saúde. Maria se dizia feliz.
Karina sofreu um acidente. Carla dava plantão no hospital onde Karina foi levada. Maria trabalhava ali como auxiliar de enfermagem. Karina estava à beira da morte e precisava de transfusões de sangue. Carla a atendeu. O banco de sangue estava em falta com o tipo sangüíneo de Karina. Todos os presentes no hospital de dispuseram a fazer o exame de compatibilidade. Maria foi a única que pôde ajudar. Karina sobreviveu.

*Crônica publicada originalmente no boladafoca.blogspot.com