segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A profissão do futuro

"-É época de vestibular e todo programa tem uma matéria sobre as melhores profissões e o que buscar no futuro. O engraçado disso é que nunca citam o Jornalismo como uma 'profissão do futuro'; parece até que já acabou e o que nos espera não é nada satisfatório."

Tô no final do segundo ano de Jornalismo e já tive minhas crises. Em uma delas, ainda esse ano, cheguei a avisar todos os meus amigos que ia embora e fui pra casa chorando dizendo para os meus pais que queria largar tudo e prestar vestibular - sabe lá pra quê. Precisei de uma boa conversa e de uns dias de calma pra respirar fundo e conseguir me lembrar de tudo que me fez chegar até aqui, e do quão difícil foi.
Ser jornalista não é brincadeira, e olha que eu nem sou ainda. Em dois anos já ouvi muito desaforo, telefone batendo na minha cara e risadinhas de "ah, mas nem diploma você vai ter". As ofensas já vieram até dos meus amigos mais próximos, sempre naquele tom de brincadeira com um fundinho de verdade. Já fiz matérias sobre assuntos que eu odiava e não entendia a mínima, já levei bolo em transmissão ao vivo e já tive que virar uma reportagem de três minutos com entrevistado que só respondia "ahan". Tudo isso pelo bem maior.
Acontece que esse bem maior é complicado, e essa rotina entre tapas e beijos com o Jornalismo cansa. Chega uma hora que você tem que parar, se olhar no espelho e decidir, de uma vez por todas, se é isso ou não. E se não for, meu amigo, corre enquanto ainda dá tempo. Só que pra quem continua, a história guarda algumas das melhores experiências da sua vida.
Meus momentos bons aqui são bem maiores do que os ruins. Aquela coisa de chegar em casa super cansada mas sabendo que colocou um programa lindo no ar (mesmo que, no nosso caso, poucas pessoas tenham ouvido). Saber que meros trabalhos de faculdade tem uma importância maior ao ouvir de alguém na rua um "muito obrigada" ou um "nossa, a gente tava precisando mesmo que falassem sobre isso". Ou ainda aquela coisa de receber um elogio inusitado de alguém que leu um texto seu, como já aconteceu na época do Tudo de Blog. Sem contar o prazer da curiosidade saciada ao saber de tudo com antecedência. Pequenas coisas que não fariam diferença na vida de muita gente, mas que pra você valeu a pena.
Eu sei que vai ser difícil - e muito. Mas o meu negativismo já ficou pra trás, junto com as lágrimas e as tardes procurando algum curso que me faria mais feliz. Eu sei que morrer de fome eu não vou, e muito menos perder Natal pra ficar em redação. Posso até não ter uma rotina como família de comercial de margarina, mas isso quem vai decidir sou eu baseada nas escolhas que eu fizer. O caminho tá aí, tô começando agora e não tem motivo nenhum pra eu começar a choramingar por antecedência. No final das contas, ser jornalista pode até não ser uma profissão adequada para o futuro de muita gente, mas pra mim é.

domingo, 7 de novembro de 2010

And love has a funny way...


De todos os sentimentos possíveis no mundo, o mais chamativo é o amor. E não só pelos motivos de sempre, mas sim pela dimensão e pelas diversas formas em que podemos encontrá-lo. É incrível como ele resume praticamente tudo, desde aquele foguinho da paixão até as atitudes bobas do dia-a-dia.
É muito difícil amar alguém. Acreditar, dividir, desejar, aceitar. É preciso se amar muito para conseguir se abrir a outra pessoa e deixá-la entrar, aos pouquinhos, na nossa própria imensidão. E esse amor próprio também não vem do nada, mas sim depois de muito tempo tentando encontrar o nosso ponto de partida. Para amar alguém é preciso estar pronto para errar e admitir, torcer e perder, cair e levantar. E, o mais importante de tudo, para amar alguém de verdade você deve estar preparado para não ser correspondido à altura.
Mas o amor nem sempre existe nesse sentido, ao contrário. Na maioria das vezes ele vive nos pequeninos e irrelevantes lugares. Ele está nos almoços de família aos domingos, nas conversas psicológicas com os amigos e na voz aguçada cantando sua música preferida. Somos capazes de amar pessoas que não conhecemos, ideias que não existem e até mesmo coisas sem nenhum valor material. O amor cego e imbatível pelo time de futebol anda de mãos dadas com o amor pelo animal de estimação, assim como jogamos nossos melhores sentimentos no primeiro pedaço de bolo de chocolate quentinho naquele sábado nublado.
Ao mesmo tempo em que é complicado e cheio de pesares, o amor transforma o amargo em doce e faz com que alguns minutos sejam o bastante para o orgulho dar lugar a um pedido de desculpas. É ele que dá força nos momentos de perda e que nos levanta enquanto choramos pelo inacreditável, sempre nos puxando de volta para nossas pessoas. E é aí que vive o mais importante legado do amor: a capacidade de sempre estar presente, seja no bom ou no ruim, esperando de braços abertos.