Nunca tive motivos pra ter problemas com chuva, já que Barretos tem alguns pequenos pontos de alagamento e eles nunca são perto da minha casa. A única coisa é que, sabe Deus por que, eu tenho medo - muito medo - de raios e trovões (coloco a culpa no Dr. Victor, do Castelo Rá-Tim-Bum). É o tempo começar a fechar que já começo a pensar em mil maneiras de morrer. Tenso.
Com alguém por perto, acabo dividindo a paranóia e tudo passa mais rápido, mas o grande problema veio esse ano. Morando sozinha em uma cidade que eu já considero a Forks brasileira do tanto que chove, tive que aprender a lidar com a minha histeria, tentar esquecer a tempestade lá fora e tentar ser normal, o que deu certo até certo ponto. O drama maior veio em uma noite escura de temporal feio em que a força acabou. A Mônica, com a maior tremedeira do mundo, pega o celular e liga pro pai. O diálogo:
- Paaaaaai! Acabou a força aqui, tá chovendo pra caramba e eu não sei o que fazer.
- Você não faz nada, menina. Deita e dorme. (é, o detalhe é que isso era quase meia-noite)
- Mas como você espera que eu consiga dormir assim?
- Fechando os olhos e contando carneirinhos, Mônica.
- Ai paaaaaai...
(tu tu tu tu tu tu tu)
E foi assim que eu percebi que, além do meu pai não me levar a sério, eu tinha encontrado meu medo irracional.