domingo, 2 de janeiro de 2011

Come on baby light my fire


Eu podia começar esse post com um dos mil clichês que o ano novo traz, mas o clima por aqui é diferente - e esse aqui se refere a uma pessoa, não um lugar. Alguém que pela primeira vez na vida para, pensa e percebe tantas coisas. Tantos momentos. Tantas pessoas. Tantos caminhos.
Escrevi o segundo parágrafo desse post umas três vezes, mas apaguei todos os rascunhos. Não quero parecer piegas, artística ou, pior ainda, cool (Deus que me perdoe do mal de ser considerada moderninha ou cult demais). Mas a verdade é que nada parecia comigo, as letras fugiam e as palavras deveriam ser de outros idiomas. Um conjunto de símbolos, nada digno.
Aí essa chuva me lembrou das noites sozinha em Londrina, deitada na cama sem sono e só com meus pensamentos e a música ruim do bar na rua. Minutos que pareciam uma eternidade, tão difíceis de se aguentar e que hoje parecem pertencer a outra vida, a outra pessoa. Aquelas horas em que nem a voz daquele que me faz tão bem resolvia alguma coisa. Ali era eu e eu, e não sou nada fácil.
Esses últimos dias não foram de retrospectivas ou planos, mas sim de lembranças. O apartamento que se foi, o amigo que sumiu, o irmão que mudou tanto, a casa grande. O Natal tão querido terminou com lágrimas no travesseiro, lembrando do avô que eu tanto amava e que faz uma falta gigantesca. Acho que esse aperto aqui dentro é aquele que os adultos se referiam quando eu era pequena, e eu tão boba não acreditava. Crianças...
A verdade é que tudo acabou como começou: eu, a chuva e as palavras. E elas, minhas armas de tantos e tantos momentos, andam me deixando na mão. Somem quando preciso, se escondem e a coragem fica pequenininha, em algum lugar x. Espero que apareçam, ainda quero escrever um livro e ter um filho - a árvore já foi.
Por enquanto, me resta então a chuva. E The Doors. E o sonho de Paris.